terça-feira, 10 de maio de 2016

mar da bahia


Gosto de filmes onde as cidades são personagens. Nova York é um personagem clássico da sessão da tarde dos anos noventa. São Paulo e Rio São os nossos icônicos mais vendidos. O som ao redor tem o Pernambuco.

Salvador tem a vivacidade dessas cidades. Em São Paulo me senti acolhida de cara. Parecia fazer parte daquele tecido enorme. Uma rede enorme em que cada um vive em seu cluster. Claro que eu estou romantizando as cidades. Mas não posso personificá-las sem passar pelo romance.

Salvador foi mais difícil de entender. Ela nunca foi fácil. Depois de três anos aqui começo a me sentir em casa. Entendo que essa cidade que vive de simbiose entre o novo e o velho. Fui a pé no Bonfim, cruzei o Rio Vermelho perfumado no dois de fevereiro. Apontei para cada azulejo antigo em Ondina. Vi o caos do Imbuí. Vivi o caos.

Não é exagero ao citarem Salvador lembrarem logo do seu sincretismo religioso. A energia aqui é forte. Mas minha experiência foi alterada principalmente porque agora tenho Gil e Caetano nos fones de ouvido. A minha viagem atravessando a cidade faz muito mais sentido.

O mar daqui. A força dos orixás. Essa pobreza. Essa força. O engarrafamento. Entendo tudo. Tudo fica claro. Ouvir Caetano aqui faz mais sentido. Muito mais. "por mais distante o errante navegante quem jamais te esqueceria". A frase é vaga, mas no meu percurso sentada ao lado do mar no ondina-imbuí fica clara, claríssima: a Bahia tem um jeito.

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