O selfie da Elen Degeneres durante a cerimônia
do Oscar desse ano foi tweet mais retuitado de toda a história. Em 2013 o
dicionário Oxford elegeu selfie como a palavra do ano. Fazer auto-retratos
parece ter se adequado como forma de expressão comum na cultura contemporânea.
O selfie caracteriza nosso egocentrismo e eterna necessidade de
apreciação e reconhecimento agora convertidos em likes.
Há que defenda que os selfies não são só sobre narcisismo e
auto-obsessão. Esse artigo na Urbans Timens apresenta os selfies
como uma prática antiga que começou lá nas cavernas. Embora as pinturas
rupestres não possam ser muito bem classificadas como selfies. Os auto-retratos de artistas
como Picasso, Yayoi Kusama são selfies? Seria a Frida Kahlo com sua majestosas sobrancelhas a maior selfier da história?
O pesquisador Lev Manovich, doutor em Cultura e Arte Digital,
criou o projeto Selfiecity,
uma investigação sobre a prática do selfie em 5 cidades do mundo (Bangcoc,
Berlim, Moscou, Nova York e São Paulo). O projeto utilizou análise e
visualização de dados de milhares de fotos para revelar padrões interessantes.
Nem só de selfies vive o Instagram, das imagens coletadas apenas 4% são
selfies. O resto são fotos de gatos, carros, pés ou comida. As fotos são
predominantes entre grupos estimados entre 20 e 25 anos. E são as mulheres em
todas as capitais que mais fazem selfies, elas também fazem poses mais
expressivas. E se o tamanho e quantidade de sorrisos podem indicar felicidade,
os brasileiros são os mais felizes.
Não tenho problema com o selfie, mas vivermos como eternos
turistas do cotidiano. Turistas tem essa empolgação pelo local e passam todo
tempo criando memórias, registrando lugares, correndo atropeladamente. Tenho
sempre a sensação que quando somos turista não prestamos atenção em nada,
estamos tão maravilhados e com tanto o que fazer que quase não observamos.
"É só você começar a dizer a respeito de alguma coisa: ‘Ah, que bonito, tinha era que tirar uma foto!’, e já está no terreno de quem pensa que tudo que não é fotografado é perdido, que é como se não tivesse existido, e que então para viver de verdade é preciso fotografar o mais que se possa, e para fotografar o mais que se possa é preciso: ou viver de um modo o mais fotografável possível, ou então considerar fotografáveis todos os momentos da própria vida. O primeiro caminho leva à estupidez, o segundo à loucura." (citação retirada do the cactus tree).