sexta-feira, 24 de agosto de 2012

os livros que não li

Eu fico envergonhada com a quantidade de livros que não li. E sempre tem aqueles momentos que aumentam o constrangimento. Morte é um deles. Sinto-me em dívida, não sei bem. Quando apareceu a notícia que Gabriel Garcia Marquez perdeu a memória, fiquei envergonhada. Ele não morreu, mas para um escritor perder a memória deve ser como morrer.
O primeiro e único livro dele que tentei ler foi Cem anos de solidão. Larguei na metade, por justa causa na época. Eu era uma caloura, queria devorar os livros da faculdade e tantas outras coisas tolas de calouro.
A única maneira de passar esse constrangimento é lendo. Comecei com Crônica de uma morte anunciada. É um romance curto e de narração impecável. Só fez meu constrangimento aumentar. Vou passar para o próximo livro e esperar.
"Estavam a três noites sem dormir, mas não podiam descansar, porque tão logo começavam a dormir voltavam a cometer o crime. Já quase velho, tentando explicar-me o seu estado naquele dia interminável, Pablo Vicário disse-me sem nenhum esforço: “Era como estar acordado duas vezes.” Essa frase me fez pensar que o mais insuportável para eles no calabouço deve ter sido a lucidez." (Crônica de uma morte anunciada, 1928)